Levantamento aponta crescimento de 25% no número de pessoas em vulnerabilidade nas ruas, com São Paulo concentrando 43% do total
O número de pessoas vivendo em situação de rua no Brasil disparou nos últimos anos, com um aumento de 25% de 2023 para 2024, conforme revela um levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG). Em dezembro de 2023, havia 261.653 pessoas nas ruas, número que saltou para 327.925 no final de 2024. Esse aumento representa um crescimento dramático em relação a 2013, quando o total de pessoas nesta situação era de 22.922, ou seja, 14 vezes menor.
Os dados, que foram extraídos do Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), evidenciam a gravidade do problema e a crescente fragilidade das políticas públicas voltadas para a população em situação de vulnerabilidade. O CadÚnico, que reúne informações de beneficiários de programas como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), tem sido uma ferramenta importante para medir a realidade das pessoas em condições extremas de pobreza.
A concentração de pessoas em situação de rua no Brasil é mais intensa nas regiões Sudeste e Nordeste. No Sudeste, a região mais afetada, vivem 63% da população de rua, totalizando 204.714 pessoas, enquanto no Nordeste esse número é de 47.419 (14%). O estado de São Paulo é o mais impactado, abrigando 43% do total nacional. Em apenas um ano, o número de pessoas em situação de rua no estado paulista saltou de 106.857, em dezembro de 2023, para 139.799 em dezembro de 2024.
Além do crescimento numérico, o levantamento destaca um grave problema educacional entre as pessoas em situação de rua. Sete em cada dez não completaram o ensino fundamental, e 11% são analfabetas, o que dificulta o acesso a oportunidades de emprego e a integração social. A falta de qualificação e a vulnerabilidade educacional são fatores que perpetuam o ciclo de pobreza e exclusão social, tornando ainda mais desafiadora a busca por soluções eficazes.
Agência Brasil